Este mês de janeiro é marcado como o mês da conscientização do câncer do colo uterino, uma doença que atingirá cerca de 16.340 mulheres no ano de 2016. Dentro das estatísticas fornecidas pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer), apenas em 2013 cerca de 5.430 morreram por causa da doença. Este câncer acomete o colo uterino, ou cérvix, a parte mais inferior do útero.
Tumores em estágios iniciais podem não exibir sinais ou sintomas, e que podem aparecer na forma de sangramento vaginal espontâneo, dor e sangramento após ato sexual, corrimento ou mais raramente como uma massa vaginal. Em tumores mais avançados pode haver, além dos sinais e sintomas já citados, dor em região da bacia ou região lombar, cansaço, perda de apetite, emagrecimento, inchaço nas pernas, perda de fezes ou urina pela vagina, ou fraturas.
O principal fator de risco envolvido no aparecimento da doença é o contágio pelo papilomavírus humano, ou HPV, transmitido principalmente através do contato sexual. Existem hábitos associados ao maior desenvolvimento deste tipo de câncer, como início precoce da atividade sexual, possuir múltiplos parceiros sexuais, tabagismo e uso prolongado de anticoncepcionais. Dentre os meios de prevenção podemos citar o uso de camisinhas, e mais atualmente a vacina contra o HPV, que faz parte do calendário vacinal brasileiro.
O rastreamento da doença na população feminina pode oferecer a chance de um diagnóstico de lesões pré-malignas ou em fases iniciais da doença, oferecendo grandes possibilidades de cura. No Brasil, os órgãos governamentais sugerem a realização do exame citopatológico (exame de Papanicolau) nas mulheres de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual, devendo o exame ser repetido a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de um ano; em mulheres imunodeprimidas ou portadoras do HIV a periodicidade deve ser anual após dois exames negativos realizados com um intervalo de 6 meses. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas possui uma orientação um pouco diversa, recomendando: citologia (Papanicolau) a cada três anos para pacientes de 21 a 29 anos; para pacientes de 30 a 65 anos, dão preferência para realizar em conjunto a citologia e teste para HPV a cada 5 anos, porém é aceitável realizar apenas a citologia a cada 3 anos. Em mulheres imunodeprimidas ou com HIV, de 21 a 30 anos, pode ser realizada a citopatologia a cada 3 anos se tiver 3 testes anuais consecutivos normais; em mulheres imonodeprimidas ou com HIV com 30 anos ou mais, pode ser utilizada a citopatologia ou o teste associado a pesquisa de HPV a cada ano.
O diagnóstico da doença é feito através de biópsia da lesão suspeita. Em caso de confirmação do câncer, alguns exames deverão ser realizados para verificar a extensão da doença no paciente.
No tratamento da doença podem ser utilizadas técnicas como radioterapia, cirurgia e quimioterapia, muitas vezes sendo necessária a combinação deste arsenal terapêutico. Quanto mais no início o tumor for detectado, maiores as chances de cura.
Portanto as mulheres não devem deixar de consultar seu ginecologista a fim de receber orientações sobre prevenção e realizar os testes de rastreio quando indicados. E na infelicidade de ser diagnosticada como portadora de câncer de colo uterino, lembrar que é uma doença curável, e procurar um bom cirurgião ginecológico especializado em oncoginecologia, um bom rádio-oncologista e um bom oncologista clínico para seu tratamento. Lembre-se que na cancerologia moderna os melhores resultados são alcançados por uma equipe multidisciplinar e multiprofissional, sendo a opinião de todos os especialistas muito importante para avaliar as opções de tratamento.