Uma das queixas mais comuns em consultórios de Cirurgia Torácica é o suor excessivo em mãos e axilas. Esta condição é denominada HIPERIDROSE, que quer dizer literalmente suor excessivo. Este suor não está necessariamente relacionado à dias de calor, e acontece a todo momento. Habitualmente tem início no fim da infância e começo da adolescência, e pode durar a vida toda. Não há diferenciação entre os sexos, acometendo igualmente homens e mulheres. A hiperidrose não pode ser considerada uma doença, mas sim uma condição capaz de prejudicar bastante a qualidade de vida de uma pessoa. Ainda não há uma explicação médica para o aparecimento da hiperidrose, mas o que sabemos é que há um estímulo aumentado para que haja maior secreção de suor em determinados locais.
Indivíduos com hiperidrose em mãos (palmar), podem ter dificuldade para escrever, pois o suor excessivo molha o papel e a tinta da caneta, levando a prejuízos no aprendizado. Pode haver também importante prejuízo social, pois os indivíduos tem vergonha de cumprimentar outras pessoas pois as mãos estão habitualmente úmidas e frias, o que é extremamente embaraçoso. Em casos extremos, alguns pacientes relatam que suam tanto que suas mãos chegam a pingar! Todos estes fatos podem levar a um grave prejuízo social e emocional, que pode inclusive desencadear um quadro depressivo.
A hiperidrose de axilar também é extremamente comum, e da mesma forma que a palmar, pode levar a constrangimentos sociais. O excesso de suor em axilar leva à marcas de suor em blusas e camisas. Isto é frequentemente associado (erroneamente…) a uma falta de higiene pessoal. Muitas mulheres portadoras de hiperidrose axilar referem que só utilizam roupas pretas e largas, para disfarçar as manchas de suor em suas roupas. Esta condição também é motivo de muita preocupação e ansiedade, o que só aumenta a sudorese.
O tratamento da hiperidrose mudou radicalmente a partir da década de 90. Com o advento da videotoracoscopia (cirurgia por video no tórax), a cirurgia para o tratamento da hiperidrose cresceu vertiginosamente. Hoje, é uma das cirurgias mais realizadas pela especialidade.
É uma cirurgia relativamente simples. É realizada sob anestesia geral, ou seja, com o paciente dormindo e intubado. São feitos dois cortes de 0.5-1cm de cada lado do tórax. Em um dos cortes é introduzida uma câmera, e no outro corte um pinça. Assim, seccionamos um nervo que passa atrás do pulmão, o nervo simpático. Este é responsável pela inervação de mãoes e axilas. Deste modo, a hiperidrose é resolvida instantaneamente, resultando em mãos e axilas secas. Esta cirurgia é denominada SIMPATECTOMIA TORÁCICA. O tempo de internação é em média de 12-24h, e basicamente para controle de dor. O retorno às atividades diárias pode se dar em 5-7 dias.